Número de casos de dengue em 2015 já é maior que o total de 2014
Junho não chegou ao fim e o Ceará já contabiliza mais casos de dengue do que o total registrado ano passado. Dados da Sesa também mostram 17 mortes provocadas pela doença
O número de casos de dengue registrados no Ceará, este ano, já supera o total de 2014. O boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) apontou 19.453 pessoas infectadas, com transmissão em 145 municípios. Em todo o ano de 2014, foram 18.243 casos. Considerando apenas o período de janeiro a junho, o número saltou de 11.526 casos em 2014 para os 19.453 de 2015, um aumento de 68% .
O Ceará vem registrando sucessivos aumentos na quantidade de pessoas infectadas pela doença. Além do crescimento na disseminação, também houve saltos no número de mortes. Em relação ao boletim anterior, publicado pela Sesa em 5 de junho, são mais três óbitos - passando de 14 para 17.
Conforme explica Roberto da Justa, vice-presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, mesmo com décadas de convivência com a dengue, a população ainda tem dificuldade para controlar o mosquito transmissor, o Aedes aegypti. A falta de acesso em algumas casas e a resistência em controlar os locais propícios à disseminação, explica o médico, colaboram para a circulação dos vírus entre a população.
Os criadouros principais são reservatórios domésticos que acumulam água. Por isso, a transmissão é intensificada no período chuvoso do Estado - janeiro a junho.
“Os números são preocupantes. Eu até diria angustiantes. Nós temos dificuldade para controlar o mosquito. E não apenas o poder público, pois sabemos que a maioria dos focos está dentro das residências. É um processo de educação. Só conseguiremos o controle total com a vacina. Com a febre amarela foi assim”, explica Roberto da Justa, que também é diretor geral do Hospital São José (HSJ).
Quase metade dos casos confirmados de dengue está em Fortaleza - foram 8.809 registros de janeiro até agora. Há ainda 9.315 em investigação na Capital, conforme mostra o boletim da Sesa. As Regionais III e VI lideram a quantidade de pessoas infectadas - são 954 e 4.337, respectivamente. Na tentativa de controlar a doença, a Prefeitura de Fortaleza tem realizado programações nestas duas áreas.
Sarampo
O Ceará também registrou 14 novos casos de sarampo. Boletim epidemiológico, também divulgado pela Sesa ontem, revelou um aumento de dez casos em Caucaia, três em Fortaleza e um em Paracuru. As confirmações chegam no momento que o Estado tenta conter um surto, que se estende desde 2013.
A coordenadora de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite, pontua que a cobertura vacinal - que ainda não atingiu o nível ideal - favorece a disseminação do vírus. Os municípios de Fortaleza e Itaitinga, até 11 de junho, na intensificação da vacinação da população entre 5 e 29 anos, alcançaram a cobertura de 87% (974.272) e de 65% (11.973), respectivamente. O esperado é 95%.
849 cearenses foram infectados pelo sarampo desde o início do surto, em 2013
155 casos de sarampo foram registrados durante este ano. Há 36 em investigação
Índice nacional de desemprego é o maior dos últimos dois anos, diz IBGE
Resultado da pesquisa sobre mercado de trabalho brasileiro mostrou que em quase todos os estados a taxa de desemprego subiu no primeiro trimestre.
O IBGE divulgou no dia 07 de maio , a pesquisa mais completa sobre o mercado de trabalho brasileiro. E, pela primeira vez, com os resultados por estados. Em quase todos a taxa de desemprego subiu no primeiro trimestre de 2015. E o índice nacional foi o maior dos últimos dois anos.
Todo mundo sabe que para achar emprego tem que correr atrás. Mas o tamanho da caminhada depende do estado em que você vive. Santa Catarina é onde está mais fácil. Élida não teve problema para mudar de trabalho duas vezes nos últimos quatro meses.
“Eu fui desligada em um dia eu já mandei currículo e três, quatro dias depois eu fui chamada para fazer uma entrevista”, conta a supervisora comercial Élida Rasquinha.
Os catarinenses têm a menor taxa de desemprego do país: 3,9%. A maior está do outro lado do mapa: no Rio Grande do Norte. A segunda mais alta é na Bahia. Depois vem Alagoas e o Distrito Federal.
Juntando os resultados do país inteiro, o índice de desemprego no Brasil ficou em 7,9% no primeiro trimestre. Não chegava a esse patamar desde 2013.
Juntando os resultados do país inteiro, o índice de desemprego no Brasil ficou em 7,9% no primeiro trimestre. Não chegava a esse patamar desde 2013.
São quase oito milhões de brasileiros à procura de trabalho. As mulheres e principalmente os jovens de 18 a 24 anos são os que mais sofrem. Os salários também variam pelo país. E pela primeira vez o IBGE divulgou essas diferenças. Na comparação entre os estados, um trabalhador pode ganhar mais que o triplo do que o outro.
Roraima tem a terceira maior renda do Brasil. É proporcionalmente o estado com mais funcionários públicos. Em segundo lugar na renda vem São Paulo, e em primeiro o Distrito Federal, onde o rendimento é de R$ 3.406. Isso é três vezes mais do que se ganha em média no Maranhão: R$ 945. A menor renda do Brasil.
“Está muito baixo mesmo o rendimento. De acordo com o que a gente trabalha aí fora e eu vejo muita isso aí”, afirma um homem.
No país o rendimento médio real dos trabalhadores ficou perto de R$ 1.840. Praticamente igual ao do início do ano passado.
Memória: Veja as recentes descobertas da biologia
Christopher Silas Neal/The New York Times
"A memória não é nem sensação nem julgamento, é um estado ou qualidade de um deles, quando o tempo já passou". A ideia de memória descrita na frase era o conceito que Aristóteles (385 a.C. - 322 a.C.) tinha de memória. O filósofo grego dividia a memória em duas: havia a memória consciente, que conservava o passado (amenem), e a memória de reminiscência (amamnesi), inconsciente. Fundamental para ele era o tempo. Toda a memória implicava a passagem do tempo.
Talvez este seja um dos únicos pontos inquestionáveis da memória desde então. Nos últimos anos, novas tecnologias permitiram descobertas sobre o funcionamento do cérebro, entre elas, como a memória opera.
Memória é a capacidade humana de reter fatos e experiências do passado, é o mecanismo com o qual o nosso cérebro adquire e armazena informações. É com ela que nos lembramos de pessoas, experiências, nos adaptamos a hábitos rotineiros e não conseguimos esquecer situações desagradáveis, devido ao seu impacto emocional.
Quando falamos sobre formas de memória, podemos dividi-la em duas: a memória de procedimento ou declarativa. A primeira guarda informações através da repetição de hábitos ou atividades (motoras, sensitivas e intelectuais) que seguem sempre o mesmo padrão. Nesse caso, a memória adquirida não depende da consciência.
Já a memória declarativa, esta armazena informação de fatos e de dados levados ao nosso conhecimento através dos sentidos e de processos internos do cérebro. Ela inclui ainda a memória de fatos vivenciados pela pessoa e de informações adquiridas pela transmissão de conhecimento, como em livros, filmes, música e outros. Em casos de depressão e amnésia, esta é a memória mais prejudicada.
Foi no final do século 19 que Santiago Ramón descobriu que para se constituírem, as memórias obedecem a modificações das sinapses, a ligação de um neurônio com o outro e que possibilita a passagem do impulso de uma célula à outra.
A relação entre sinapse e memória foi comprovada décadas depois. As sinapsesliberam os neurotransmissores, que desempenham em geral funções moduladoras relacionadas com as emoções, o alerta e o estado de ânimo. Tanto a lembrança quando a formação da memória declarativa é sensível a esses fatores. Durante a transmissão do impulso nervoso, haveria uma alteração na função sináptica, criando novos circuitos neuronais. Segundo essa hipótese, esses circuitos seriam os responsáveis pela decodificação das informações.
Sob o aspecto da função e duração, a memória pode ser classificada em memória de trabalho (que mantém a informação viva durante segundos enquanto ela está sendo processada pelo cérebro), de curto prazo (de 5 a 6 horas) e de longo prazo, que pode durar horas, dias ou anos.
Os processos bioquímicos para a formação da memória de longa duração ocorrem sempre no hipocampo e foram descritas em um estudo recente feito pela equipe do professor Iván Antonio Izquierdo, professor de Neurologia na PUC-RS e especialista no assunto.
Esses processos envolvem a ativação de numerosas enzimas que regulam a atividade de proteínas preexistentes no cérebro, e a produção por elas de ativação gênica e síntese proteica. Uma dessas proteínas é o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que atua na formação de memórias. Ao ser liberado no hipocampo, essa proteína determina por quanto tempo aquela memória permanecerá no cérebro.
Vale destacar que esses processos não são sempre perfeitos. Podem sofrer alterações e falhas durante as etapas. Entre os fatores que interferem estão o conteúdo emocional vinculado à experiência que deixou a memória. Quanto maior a emoção, maior será a ativação na memória.
Sobre a memória de curta duração, descobriu-se que ela é processada em paralelo à de longa duração e ocorre também no hipocampo e córtex entorrinal, zona associada à memória e que ganhou recentemente o apelido de GPS do cérebro. Clinicamente, essa descoberta explica porque em casos de demência ou delírio na velhice há perda, principalmente, da memória de curta duração.
Aliás, a descoberta do GPS do cérebro deu o prêmio Nobel de Medicina de 2014 ao trio de pesquisadores John O’Keefe, Edvard e May-Britt Moser. Eles identificaram um tipo de neurônio chamado de “células de grade”, situado próximo do hipocampo, no córtex entorrinal. Essas células eram ativadas quando os animais repetiam uma trajetória, gerando um sistema de coordenadas que permitiam a localização precisa dos animais, ou seja, formando uma memória de lugares.
Outras descobertas recentes apontaram que as recordações, ao contrário do que se imaginava, podem ser mudadas. Neste caso, trata-se da alteração de memórias consideradas negativas. Elas podem ganhar uma nova roupagem do cérebro se passarem por uma etapa chamada "recall" ou "recuperação". Nessa etapa, memórias anteriores vêm à tona. Um novo desfecho para uma mesma situação, e armazenado pelo cérebro, pode gerar uma nova lembrança, eliminado a anterior.
Estudos feitos na New York University, nos Estados Unidos, comprovaram que a manipulação da memória é eficaz quando aplicada logo após a lembrança ser resgatada. Os cientistas chamam o tempo para que a mudança ocorra de janela de oportunidade, e todo o processo é coordenado pelo córtex pré-frontal.
Essa intervenção sobre o conteúdo da memória levanta discussões na comunidade científica. No caso de lembranças ruins, eliminar traumas e o sofrimento das pessoas é sem dúvida um ponto positivo. No entanto, ainda não se tem completa noção do impacto dessa alteração em outras memórias. Ao mesmo tempo em que você pode apagar uma memória ruim de uma situação vivida em uma viagem, por exemplo, essa substituição pode apagar também uma boa lembrança.
Outras descobertas recentes são a comprovação de que é possível memorizar quando se está dormindo e que, durante uma palestra ou evento com alta carga de transmissão de informação, fazer uma pausa ajuda o cérebro a absorver melhor o que foi passado.
O sono, aliás, tem papel primordial para a boa memória. Voltando às sinapses, para que elas transmitam as informações recebidas de forma eficiente é preciso que os neurônios estejam saudáveis. E isso é obtido com uma boa alimentação e boas noites de sono, quando o cérebro repassa o que foi absorvido e elimina as toxinas de um dia mentalmente exaustivo.
Essas descobertas mostram que o funcionamento da memória não é um processo fechado e definido. Está sujeito a estímulos externos, internos (do organismo) e de ordem emocional, e mesmo uma memória já arquivada pelo cérebro pode ser alterada.
Hoje, apoiadas em aplicativos e mecanismos de buscas online, dormindo cada vez menos e com uma capacidade de concentração menor, as novas gerações não recorrem mais tanto ao que está guardado na mente ou não conseguem processar os dados e arquivá-los devido ao excesso de informação a que somos expostos diariamente.
Em 2012, três pesquisadores realizaram um estudo na Universidade de Columbia com estudantes. Uma parte do grupo receberia informações e poderiam salvá-las no computador, e a outra receberia as informações e, em seguida, elas seriam apagadas. O grupo que não podia contar com os arquivos salvos no computador se lembrava mais facilmente das informações passadas, ao contrário do outro.
Essa espécie de bengala que a internet nos oferece na hora de pesquisar ou lembrar uma informação recebeu o nome de "Efeito Google". O cérebro é constantemente modificado por todas as experiências que se passam com o indivíduo, inclusive seu pensamento. Na era da informação instantânea essa perda de concentração, cansaço da mente e “brancos”, mesmo em pessoas mais jovens, parecem normais.
A questão talvez não seja tanta nossa perda de concentração, e sim o fato de que nossa atenção esteja cada vez menos seletiva. A perda desse poder de seleção nas sociedades atuais vem sendo chamada por profissionais da informação de "sociedades do esquecimento".
Trata-se de uma oposição à ideia de sociedades da memória, que existiam no passado e hoje ainda podem ser encontradas em regiões isoladas da África, América do Sul e até Europa. Nesses grupos, a memória tinha papel crucial na transmissão da cultura e da história de gerações antigas para as mais novas.
Atualmente nosso cérebro vive sobrecarregado. Queremos fazer várias coisas ao mesmo tempo, sem nos concentrarmos em uma tarefa principal. Cuidar da mente deve ser uma de nossas tarefas principais. Afinal, se tem uma coisa que os mecanismos de busca online não podem dizer por nós são quais memórias importam mais do que outras e quais podemos apagar da nossa lembrança.Créditos: Grupo 3
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