A Revolução Francesa, que se deu no ano de 1789, no qual se desenrolam seus acontecimentos decisivos é o evento que, segundo alguns autores, inaugura a chamada Idade Contemporânea. Os historiadores do século XIX, que fizeram a linha divisória da História, imputaram a este acontecimento o caráter de marco divisor entre a Idade Moderna e a Contemporânea, por conta da radicalização política que o caracterizou. Para se entender a Revolução Francesa é necessário conhecer um pouco da situação econômica e social da França do século XVIII.
Até o século XVIII, a França era um estado em que vigia o modelo do absolutismo monárquico. O então rei francês, Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua pessoa os poderes legislativo, executivo e judiciário. Os franceses então não eram cidadãos de um Estado Democrático Constitucional, como hoje é comum em todo o mundo ocidental, mas eram súditos do rei. O rei personificava o Estado.
Dentro da estrutura do Estado Absolutista, havia três diferentes estados nos quais a população se enquadrava: o primeiro estado era representado pelos bispos do Alto Clero; o segundo estado tinha como representantes a nobreza, ou a aristocracia francesa – que desempenhava funções militares (nobreza de espada) ou funções jurídicas (nobreza de toga); o terceiro estado, por sua vez, era representado pela burguesia, que se dividia entre membros do Baixo Clero, comerciantes, banqueiros, empresários, os sans-cullotes (“sem calções”), trabalhadores urbanos, e os camponeses, totalizando cerca de 97% da população.
Ao logo da segunda metade do século XVIII, a França se envolveu em inúmeras guerras, como a Guerra do Sete Anos (1756-1763), contra a Inglaterra, e o auxílio dado aos Estados Unidos na Guerra de Independência (1776). Ao mesmo tempo, a Corte absolutista francesa, que possuía um alto custo de vida, era financiada pelo estado, que, por sua vez, já gastava bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em funcionamento. Soma-se a essa atmosfera duas crises que a França teria que enfrentar: 1) uma crise no campo, em razão das péssimas colheitas das décadas de 1770 e 1780, o que gerou uma inflação 62%; e 2) uma crise financeira, derivada da dívida pública que se acumulava, sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de investimento no setor industrial.
Os membros do terceiro estado (muitos deles influenciados pelo pensamento iluminista e pelos panfletos que propagavam as ideias de liberdade e igualdade, disseminados entre a população) passaram a ser os mais afetados pela crise. No fim da década de 1780, a burguesia, os trabalhadores urbanos e os camponeses começaram a exigir uma resposta do rei e da Corte à crise que os afetava, bem como passaram a reivindicar direitos mais amplos e maior representação dentro da estrutura política francesa. Em julho de 1788, houve a convocação dos Estados Gerais, isto é, uma reunião para deliberação sobre assuntos relacionados à situação política da França. Nessa convocação, o conflito entre os interesses do terceiro estado e os da nobreza e do Alto Clero, que apoiavam o rei, se acirraram. O rei então estabeleceu a Assembleia dos Estados Gerais em 5 de maio de 1789, com o objetivo de decidir pelo voto os rumos do país. Entretanto, os votos eram por representação de estado. Sendo assim, sempre o resultado seria dois votos contra um, ou seja: primeiro e segundo estados contra o terceiro. Fato que despertou a indignação de burgueses e trabalhadores.
A burguesia, que liderava o terceiro estado, propôs em 10 de junho uma Assembleia Nacional, isto é, uma assembleia para se formular uma nova constituição para a França. Essa proposta não obteve resposta por parte do rei, da nobreza e do Alto Clero. Em 17 de junho, burgueses, trabalhadores e demais membros do terceiro estado se declararam em reunião para formulação de uma constituição, mesmo sem a resposta do primeiro e do segundo estado. Ao mesmo tempo, começava um levante popular em Paris e outro entre os camponeses. A Revolução se iniciou.
Em 14 de julho de 1789, a massa de populares tomou a Bastilha, a prisão que era símbolo do Antigo Regime e, em 4 de agosto, a Assembleia Nacional instituiu uma série de decretos que, dentre outras coisas, cortava os privilégios da nobreza, como a isenção de impostos e o monopólio sobre terras cultiváveis. A Assembleia institui a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, que reivindicava a condição de cidadãos aos franceses e não mais de súditos do rei. Em setembro de 1791 foi promulgada a nova constituição francesa, assegurando a cidadania para todos e pressionando o monarca Luís XVI a aceitar os seus critérios. Essa constituição previa ainda a igualdade de todos perante a lei, o voto censitário, a confiscação das terras eclesiásticas, o fim do dízimo, a constituição civil do clero, detre outros pontos. A partir deste momento, a França revolucionária esboçou o seu primeiro tipo de novo governo, a Monarquia Constitucional, que durou de 1791 a 1792.
A ala mais radical da Revolução, os jacobinos (que haviam participado da Assembleia Constituinte, sentando-se à esquerda do plenário e opondo-se aos girondinos que se posicionavam à direita), defendiam uma ampliação da perspectiva revolucionária, cuja proposta era não se submeter às decisões da alta burguesia, que se articulava com a nobreza e o monarca. Os jacobinos queriam radicalizar a pressão contra os nobres e o clero, e instituir uma República Revolucionária, sem nenhum resquício da Monarquia.
Prevendo a ameaça que vinha dos rumos que a Revolução tomava, o rei Luís XVI articulou um levante contrarrevolucionário com o apoio das monarquia austríaca e prussiana. Em 1792, a Áustria invadiu a França e essa declarou guerra àquela. A população parisiense, após saber dos planos do rei, invadiu o palácio real de Tulleries e prendeu o rei e sua família. O Rei e sua esposa, Maria Antonieta, tiveram suas cabeças decepadas pela guilhotina em 1793 e a Monarquia Constitucional chegou ao seu fim no mesmo ano.
Com o fim da Monarquia Constitucional, houve também a dissolução da Assembleia Constituinte e a ConvençãoNacional de um novo parlamento. O período da convenção se caracterizou pela forte presença do radicalismo jacobino comandando a Revolução, momento que se tornou conheciso como a fase do Terror (sobretudo por conta do uso indiscriminado da guilhotina como máquina da morte). Nomes como Robespierre, Saint-Just e Danton figuram entre os principais líderes jacobinos. Foi neste período também que a Áustria e Prússia prosseguiram sua guerra contra a França, temendo que a Revolução se espalhasse por seus territórios. No processo de confronto contra essas duas monarquias, nasceu o exército nacional francês, isto é: um exército que, pela primeira vez, não era composto de mercenários e aristocratas, mas do povo de uma nação que se via como nação.
Em 1795, a burguesia conseguiu retomar o poder e, através de uma nova constituição, instituir uma nova fase à Revolução, chamada o Diretório, órgão composto por cinco membros indicados pelos deputados. Mas a partir deste mesmo ano a crise social se tornou muito ampla na França, o que exigiu um contorno político mais eficaz, sob pena da volta da radicalização jacobina.
Um dos mais jovens e destacados generais da Revolução, Napoleão Bonaparte, era o nome esperado pela burguesia para dar ordem à situação política francesa. Em 1799, ao regressar do Egito à França, Napoleão encontrou um cenário conspiratório contra o governo do Diretório. Foi neste cenário que ele passou a figurar como ditador, inicialmente, dando o golpe de 18 de Brumário (segundo o calendário revolucionário), e depois como imperador da França. O Período Napoleônico durou de 1800 a 1815 e mudou o cenário político do continente europeu, ao passo que expandiu o ideal nacionalista para várias regiões do mundo.
Luís XVI de França
Luís XVI (Versalhes, 23 de agosto de 1754 –Paris, 21 de janeiro de 1793) foi rei da França e Navarra de 1774 até 1792, antes de sua deposição e execução durante a Revolução Francesa. Seu pai, Luís, Delfim de França, era o filho e herdeiro de Luís XV de França. Como resultado da morte de seu pai, em 1765, Luís sucedeu seu avô em 1774. Era irmão mais velho dos futuros reis Luís XVIII e Carlos X.
A primeira parte do reinado de Luís foi marcada por tentativas de reformar a França, de acordo com os ideais iluministas. Estes incluíram esforços para abolir a servidão, remover a taille, e aumentar a tolerância em relação aos não-católicos. A nobreza francesa reagiu com hostilidade às reformas propostas, e com uma oposição bem sucedida à sua implementação. Em seguida ocorreu o aumento do descontentamento entre as pessoas comuns. Em 1776, Luís XVI apoiou ativamente os colonos norte-americanos, que buscavam suaindependência da Grã-Bretanha, que foi realizada no Tratado de Paris de 1783.
A dívida e crise financeira que vieram em seguida contribuíram para a impopularidade doAntigo Regime, que culminou no Estado Geral de 1789. O descontentamento entre os membros das classes média e baixa da França resultou em reforçada oposição à aristocracia francesa e à monarquia absoluta, das quais Luís e sua esposa, a rainha Maria Antonieta, eram vistos como representantes. Em 1789, atomada da Bastilha, durante os distúrbios em Paris, marcou o início da Revolução Francesa. A indecisão e conservadorismo de Luís levaram algumas percepções ao povo da França em vê-lo como um símbolo da tirania percebido doAntigo Regime, e sua popularidade se deteriorou progressivamente. Sua desastrosafuga de Varennes, em junho de 1791, quatro meses antes da monarquia constitucional ser declarada, parecia justificar os rumores de que o rei amarrou suas esperanças de salvação política nas perspectivas de alguma invasão estrangeira. A credibilidade do rei foi extremamente comprometida. A abolição da monarquia e a instauração da república tornaram-se possibilidades cada vez maiores.
Em um contexto de guerra civil e internacional, o rei foi suspenso e preso na época dainsurreição de 10 de agosto de 1792, um mês antes da monarquia constitucional ser abolida e a Primeira República Francesa ser proclamada em 21 de setembro do mesmo ano. Foi julgado pela Convenção Nacional (auto-instituída como um tribunal para a ocasião), considerado culpado de alta traição e executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793 como um cidadão francês dessacralizado conhecido como "Cidadão Luís Capeto", um apelido em referência a Hugo Capeto, o fundador da dinastia capetiana – que os revolucionários interpretavam como o nome de família do rei. Depois de inicialmente considerado tanto um traidor como um mártir, historiadores franceses têm adotado uma visão geral diferente de sua personalidade e papel como rei, descrevendo-o como um homem honesto impulsionado por boas intenções, mas que não estava à altura da tarefa hercúlea que teria sido uma profunda reforma da monarquia. Foi o único rei da França na história a ser executado, e sua morte pôs fim a mais de mil anos de monarquia francesa contínua.
Política externa
Guerra dos Sete Anos e a Grã-Bretanha
Luís XVI recebendo os embaixadores do Sultão Tipu em 1788, Voyer após Emile Wattier, noséculo XIX. A participação francesa na Guerra dos Sete Anostinha deixado a Luís XVI uma herança desastrosa. Vitórias da Grã-Bretanha tinham visto a captura da maioria dos territórios coloniais da França. Enquanto algumas foram devolvidas à França no Tratado de Paris de 1763, uma vasta parte da América do Norte foi cedida aos britânicos. Isto levou a uma estratégia entre a liderança francesa de tentar reconstruir suas forças armadas, a fim de travar uma guerra de vingança contra a Inglaterra, na qual esperava-se que as colônias perdidas pudessem ser recuperadas. A França ainda mantinha uma forte influência nasÍndias Ocidentais, e na Índia mantinha cinco postos comerciais, deixando oportunidades para disputas e jogos de poder com a
Em relação à Revolução Americana Na primavera de 1776, Vergennes, o ministro das Relações Exteriores, viu uma oportunidade de humilhar o antigo inimigo da França, a Grã-Bretanha, assim como recuperar territórios perdidos durante a Guerra dos Sete Anos, apoiando a Revolução Americana.41 Luís XVI foi convencido por Pierre Beaumarchais a enviar secretamente suprimentos, munições e armas a partir de 1776, assinando um tratado formal de aliança no início de 1778, e ir para a guerra contra a Grã-Bretanha. Ao decidir a favor da guerra, apesar de grandes problemas financeiros em seu país, o rei foi materialmente influenciado por relatórios alarmistas, após a batalha de Saratoga, que sugeriam que a Grã-Bretanha estaria preparando-se para fazer grandes concessões às colônias e, em seguida, aliando-se com eles, atacando possessões francesas e espanholas nas Índias Ocidentais.42 Espanha e Países Baixos logo se juntaram aos franceses em uma coalizão anti-britânica.43 Depois de 1778, a Grã-Bretanha mudou seu foco para as Índias Ocidentais, como a defesa das Ilhas de Açúcar sendo considerada mais importante do que tentar recuperar as treze colônias. França e Espanha planejavam invadir as Ilhas Britânicascom a armada de 1779, mas a operação não foi adiante.44
A assistência militar inicial da França aos rebeldes americanos foi uma decepção com derrotas em Rhode Island e Savannah. Em 1780, a França enviou Rochambeau e François de Grasse para ajudar os norte-americanos, junto com grandes forças terrestres e navais. Aforça expedicionária francesa chegou à América do Norte em julho de 1780. O aparecimento de frotas francesas no Caribe foi seguido pela captura de um certo número de ilhas de Açúcar, incluindo Tobago e Granada.45 Em outubro de 1781, o bloqueio naval francês foi importante para forçar um exército britânico liderado pelo Lorde Cornwallis a render-se nocerco de Yorktown.46 Quando tal notícia chegou a Londres, o governo de Lorde North caiu em março de 1782 e a Grã-Bretanha imediatamente entrou em processos e termos de paz; no entanto, a França retardou o fim da guerra até setembro de 1783, na esperança de invadir mais colônias britânicas na Índia e nas Índias Ocidentais.47 48
A Grã-Bretanha reconheceu a independência das treze colônias como os Estados Unidos da América, e o Ministério da Guerra da França reconstruiu o exército. No entanto, os britânicos derrotaram a principal frota francesa em 1782 e defenderam com sucesso Jamaica eGibraltar. O país de Luís ganhou pouco no Tratado de Paris de 1783, que terminou a guerra, exceto as colônias de Tobago e Senegal. O monarca ficou totalmente decepcionado com seus objetivos de recuperar o Canadá, a Índia e outras ilhas nas Índias Ocidentais da Grã-Bretanha, como elas foram muito bem defendidos e a Marinha Real Britânica fez qualquer tentativa de invasão impossível. A guerra custou 1,0666 milhões de libras, financiadas por novos empréstimos a juros altos (sem novos impostos). Necker ocultou a crise do público, explicando apenas que as receitas ordinárias ultrapassaram as despesas comuns, e não mencionou os empréstimos. Depois que ele foi retirado do cargo em 1781, novos impostos foram cobrados.49
Em relação a Índia, Cochinchina e exploração do mundo
Luís XVI esperava usar a guerra revolucionária americana como uma oportunidade para expulsar os ingleses da Índia.40 Em 1782, ele selou uma aliança com o peshwa Madhu Rao Narayan. Como consequência, Charles Joseph Patissier, Marquês de Bussy-Castelnau, moveu suas tropas para a Isle de France (hoje Maurício) e, mais tarde contribuiu para o esforço francês na Índia em 1783.40 50 Pierre André de Suffren se tornou o aliado de Hyder Ali na Segunda Guerra Anglo-Mysore contra o domínio britânico na Índia, em 1782-1783, a luta contra a frota britânica ao longo das costas da Índia e Ceilão.51 52
A França também interveio na Cochinchina, após a intervenção do missionário católico Dom Pigneau de Behaine para obter ajuda militar. Uma aliança entre a França e a Cochinchina foi assinada através do Tratado de Versalhes de 1787, entre Luís XVI e oPríncipe Nguyễn Ánh.53 À medida que o regime francês estava sob pressão considerável, a França não foi capaz de seguir com a aplicação do tratado, mas Dom Pigneau de Behaine persistiu em seus esforços e com o apoio de indivíduos e comerciantes franceses montaram uma força de soldados e oficiais franceses que contribuiu para a modernização dos exércitos de Nguyễn Ánh, contribuindo para a sua vitória e reconquista de todo o Vietnã, em 1802.54
O rei também incentivou grandes viagens de exploração. Em 1785, nomeou Jean-François de La Pérouse para liderar uma expedição para velejar ao redor do mundo. A expedição foi parte da rivalidade nacional com a Grã-Bretanha e, em particular, foi uma tentativa de imitar o capitão James Cook, cujas viagens ao redor do mundo foram um sucesso, a primeira de 1768 a 1771, e a segunda de 1772 a 1775, e fizeram muito para reescrever a ciência, reposicionar alinhamentos geográficas e promover os interesses britânicos.55
Reinado constitucional revolucionário, 1789–1792
Revoltas populares, período no Tulherias e reforma administrativa Em 5 de outubro de 1789, uma multidão enfurecida de mulheres parisienses que trabalhavam foi incitada pelos revolucionários e marcharam em direção ao Palácio de Versalhes, onde a família real vivia.56 Ao amanhecer, se infiltraram no palácio e tentaram matar a rainha, que era associada a um estilo de vida frívolo que simbolizava muito do que foi desprezado pelo Antigo Regime.56 Depois que a situação tinha sido neutralizada por La Fayette, que liderava a Guarda Nacional, o rei e sua família foram levados pela multidão aoPalácio das Tulherias, em Paris. O raciocínio por trás dessa saída forçada de Versalhes foi a opinião de que o rei seria mais responsável perante o povo, se ele vivesse entre eles, em Paris.57
Os princípios da revolução da soberania popular, embora centrais para os princípios democráticos de épocas posteriores, marcaram uma ruptura decisiva do princípio monárquico absoluto que estava no coração do tradicional governo francês. Como resultado, a revolução foi contestada por muitas das pessoas rurais da França e por praticamente todos os governos dos países vizinhos da França. Como a revolução tornou-se mais radical e as massas tornaram-se mais incontroláveis, várias figuras de destaque na formação inicial da revolução começaram a duvidar de seus benefícios. Alguns, como Honoré Mirabeau, secretamente conspiraram com a coroa para restaurar seu poder em uma nova forma constitucional.58
A partir de 1791, Montmorin, o ministro das Relações Exteriores, começou a organizar a resistência encoberta pelas forças revolucionárias.59 Assim, os fundos da Lista Civil (la Liste civile), votada anualmente pela Assembleia Nacional Constituinte, foram parcialmente atribuídos a despesas secretas a fim de preservar a monarquia. Arnault de Laporteestava no comando da Lista Civil e colaborou com Montmorin e com Mirabeau. Após a morte repentina de Mirabeau, Maximilien Radix de Sainte-Foix, um financista notável, tomou o seu lugar. Com efeito, ele liderou um conselho secreto de conselheiros do rei que tentou preservar a monarquia; estes esquemas não foram bem sucedidos, e foram expostos mais tarde, como o escândalo do Armário de Ferro.60
A morte de Mirabeau e a indecisão de Luís fatalmente enfraqueceram negociações entre a Coroa e os políticos moderados. Por um lado, o rei estava longe de ser tão reacionário como seus irmãos, o conde de Provença e o conde de Artois,61 e ele repetidamente enviou mensagens a eles pedindo a suspensão de suas tentativas para lançar contra-golpes. Isto foi muitas vezes feito através de seu regente secretamente nomeado, o Cardeal Loménie de Brienne.62 Por outro lado, Luís estava alienado do novo governo democrático, tanto pela sua reação negativa ao papel tradicional de monarca e no seu tratamento dele e de sua família. O rei já havia sido humilhado quando em 6 de outubro invadiram Versalhes e obrigaram-no a vestir o barrete frígio — símbolo da república e dos que se libertaram de qualquer jugo — e voltar aos Palácio das Tulherias, onde ficou particularmente irritado por ter sido mantido sob vigilância popular, essencialmente como um prisioneiro.63 64
Fuga de Varennes, 1791
Em 21 de junho de 1791, Luís XVI tentou fugir secretamente com sua família de Paris à cidade-fortaleza monarquista de Montmédy na fronteira nordeste da França, onde iria se juntar aos émigrés [emigrantes, ou emigrados] e ser protegido pela Áustria. Enquanto a Assembleia Nacional trabalhava meticulosamente no sentido de uma constituição, Luís e Maria Antonieta estavam envolvidos em seus próprios planos. O rei tinha nomeado o barão de Breteuil para atuar como plenipotenciário, lidando com outros chefes de Estado estrangeiros em uma tentativa de trazer uma contra-revolução. O próprio Luís realizou reservas contra dependência de ajuda externa. Como sua mãe e seu pai, pensou que os austríacos eram traiçoeiros e osprussianos eram excessivamente ambiciosos.65 Como as tensões em Paris aumentassem e o rei fora pressionado a aceitar medidas da assembleia contra a sua vontade, Luís XVI e a rainha conspiraram para escapar secretamente da França. Além da fuga, esperavam levantar um "congresso armado" com a ajuda dos émigrés, assim como o apoio de outras nações com as quais poderiam voltar e, em essência, reconquistar a França. Este grau de planejamento revela a determinação política de Luís; infelizmente, foi por esta trama determinada que acabou sendo condenado por alta traição.66 Ele deixou para trás um longo manifesto explicando sua rejeição ao sistema constitucional como ilegítimo, o que foi impresso nos jornais. No entanto, a sua indecisão e incompreensão da França foram responsáveis pelo fracasso da fuga. A família real foi presa em Varennes-en-Argonne pouco depois de Jean-Baptiste Drouet, que reconheceu o rei de seu perfil em um assignat67(dinheiro de papel) de 50 francos, ter dado o alerta. Luís XVI e sua família foram levados de volta a Paris, onde chegaram no dia 25 de junho. Vistos com desconfiança como traidores, foram colocados em uma firme prisão domiciliar após o seu regresso ao Tulherias.68
Em um nível mais detalhado, o fracasso dos planos de fuga foi devido uma série de desventuras, atrasos, erros de interpretação e julgamentos pobres.69 Numa perspectiva mais ampla, a falha foi atribuída a indecisão do rei — ele repetidamente adiou o cronograma, permitindo que problemas menores se tornassem graves. Além disso, mal compreendia totalmente a situação política. Pensou que apenas um pequeno número de radicais em Paris estavam promovendo uma revolução que o povo como um todo rejeitava. Pensou, equivocadamente, que era amado pelos camponeses e o povo comum.70 A fuga do rei a curto prazo foi traumático para a França, incitando uma onda de emoções que variavam de ansiedade à violência a entrar em pânico. Todo mundo percebeu que a guerra era iminente. A compreensão mais profunda que o rei de fato repudiava a revolução foi um choque ainda maior para as pessoas que até então o consideravam como um bom rei que governava como uma manifestação da vontade de Deus. Eles se sentiram traídos. Orepublicanismo agora tinha explodido das casas de café e tornou-se uma filosofia dominante da Revolução Francesa rapidamente radicalizada.
Intervenção de forças estrangeiras
As outras monarquias da Europa olharam com preocupação os acontecimentos na França, e consideraram que, se deviam intervir, que fosse em apoio a Luís ou para tirar proveito do caos no país. A figura-chave era o irmão de Maria Antonieta, oimperador Leopoldo II. Inicialmente, tinha olhado a revolução com equanimidade.72 No entanto, se tornou mais e mais perturbado assim como se tornou mais e mais radical. Apesar disso, ainda esperava evitar a guerra.
Em 27 de agosto, Leopoldo e o rei Frederico Guilherme II da Prússia, em consulta com os nobresemigrados da França, emitiram a Declaração de Pillnitz, que declarou o interesse dos monarcas da Europa no bem-estar de Luís e sua família,73 e ameaçaram consequências vagas, mas graves, se alguma coisa acontecesse a eles. Embora Leopoldo tenha visto a Declaração de Pillnitz como uma maneira fácil de se mostrar preocupado com os acontecimentos na França, não apresentou nenhum soldado ou finanças para mudá-las, os líderes revolucionários em Paris a viram com medo como uma tentativa estrangeira perigosa de minar74 a soberania da França.
Além das diferenças ideológicas entre a França e os poderes monárquicos da Europa, houve disputas contínuas sobre o estado das propriedades austríacas na Alsácia, e a preocupação dos membros da Assembleia Nacional Constituinte sobre a agitação dos emigrantes nobres no exterior, especialmente nos Países Baixos Austríacos e os estados menores da Alemanha. No final, a Assembleia Legislativa, apoiada por Luís, primeiro declarou guerra ao Sacro Império Romano-Germânico, a votação para a guerra em 20 de abril de 1792, depois de uma longa lista de queixas foi apresentada a ele pelo ministro das Relações Exteriores, Charles François Dumouriez. Dumouriez preparou uma invasão imediata dos Países Baixos Austríacos, onde esperava que a população local se levantasse contra o governo austríaco. No entanto, a revolução tinha desorganizado completamente o exército e as forças levantadas eram insuficientes para a invasão. Os soldados fugiram ao primeiro sinal de batalha e, em um caso, em 28 de abril de 1792, assassinaram seu general, o conde de origem irlandesa Théobald de Dillon, a quem acusavam de traição.75
Enquanto o governo revolucionário freneticamente levantou novas tropas e reorganizou seus exércitos, um exército prussiano-austríaco, sob Carlos Guilherme Fernando, duque de Brunswick marchou em Coblença, no Reno. Em julho, a invasão começou, com o exército de Brunswick tomando facilmente as fortalezas de Longwy e Verdun. O duque então emitiu em 25 de julho uma proclamação chamada de Manifesto de Brunswick, escrito pelo primo emigrante do rei, o Príncipe de Condé,76declarando a intenção dos austríacos e prussianos em restaurar o rei aos seus plenos poderes e tratar qualquer pessoa ou cidade que se opusesse como rebeldes a serem condenados à morte por lei marcial.77
Ao contrário de sua finalidade de fortalecer a posição do rei contra os revolucionários, o Manifesto de Brunswick teve o efeito oposto de prejudicar muito a posição já muito tênue de Luís XVI em Paris. Foi tomado por muitos como a prova final de um conluio entre o rei e potências estrangeiras em uma conspiração contra o seu próprio país. A raiva da população transbordou em 10 de agosto, quando uma multidão armada – com o apoio de um novo governo municipal de Paris, que veio a ser conhecido como a Comuna Insurrecional de Paris– sitiou o Palácio das Tulherias. A família real se abrigou com a Assembleia Legislativa.78 79
Prisão e execução, 1792–1793
O rei foi oficialmente preso em 13 de agosto de 1792, e enviado à Torre do Templo, uma antiga fortaleza em Paris, que foi usada como prisão. Em 21 de setembro, a Assembleia Nacional declarou a França como uma república e aboliu a monarquia. Luís foi despojado de todos os seus títulos e honrarias, e a partir desta data ficou conhecido simplesmente como Cidadão Luís Capeto.80
Os girondinos foram parciais em manter o rei deposto sob prisão, ambos como um refém e uma garantia para o futuro. Os Membros da Comuna de Paris e os deputados mais radicais, que logo formaram o grupo conhecido como Montanha, argumentaram para execução imediata de Luís. A experiência legal de muitos dos deputados tornaram difícil para um grande número deles aceitarem uma execução sem algum tipo de devido processo legal, e foi votado que o monarca deposto fosse julgado antes da Convenção Nacional, órgão que abrigava os representantes do povo soberano. De muitas maneiras, o julgamento do ex-rei representava o julgamento da revolução. O julgamento foi considerado como tal, com a morte de um veio a vida do outro. Michelet argumentou que a morte do ex-rei levaria à aceitação da violência como instrumento para a felicidade. Ele disse: "Se aceitarmos a proposição de que uma pessoa pode ser sacrificada para a felicidade de muitos, em breve será demonstrada que dois ou três ou mais também podem ser sacrificados para a felicidade de muitos. Pouco a pouco, vamos encontrar razões para sacrificar a muitos para a felicidade de muitos, e vamos pensar que foi um bom negócio."81
Em novembro de 1792, o incidente do Armário de Ferro teve lugar no Palácio das Tulherias, quando a existência, no quarto do rei, de um cofre escondido contendo documentos e correspondências comprometedoras, foi revelado por François Gamain, o serralheiro de Versalhes que o tinha instalado, foi para Paris em 20 de novembro e contou a Jean-Marie Roland, o ministro girondino do Interior. O escândalo resultante serviu para desacreditar o rei.
Em 11 de dezembro, entre as ruas lotadas e silenciosas, o rei deposto foi trazido do Templo para ficar diante da Convenção e ouvir sua acusação, uma acusação de alta traição e crimes contra o Estado. Em 26 de dezembro, seu advogado, Raymond Desèze, entregou a resposta do rei para as acusações, com o apoio de François Denis Tronchet eMalesherbes.
Em 15 de janeiro de 1793, a Convenção, composta por 721 deputados, votou sobre o veredicto.86 Dada a evidência esmagadora de conluio de Luís com os invasores, o veredicto teve uma conclusão precipitada – com 693 deputados votando como culpado, nenhum para absolvição, e 23 abstenções. No dia seguinte, uma votação nominal foi realizada para decidir sobre o destino do ex-rei, e o resultado foi desconfortavelmente perto de uma decisão dramática. Votaram contra a morte e por alguma outra alternativa, principalmente alguns meios de prisão ou o exílio, 288 deputados. Votaram a favor da pena de morte, mas sujeito a uma série de condições dilatórias e reservas, 72 deputados. Votaram pela sua morte imediata 361 deputados.87 Filipe Égalité, anteriormente o duque de Orléans e o próprio primo de Luís, votou por sua execução, uma causa de muita amargura futura entre os monarquistas franceses.
No dia seguinte, uma moção para conceder a Luís XVI um indulto da sentença de morte foi rejeitado: 310 deputados pediram misericórdia, mas 380 votaram a favor da execução imediata da pena de morte. Esta decisão seria final. Na segunda-feira, 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi decapitado pela guilhotina na Place de la Révolution. O carrasco, Charles-Henri Sanson, testemunhou que o ex-rei tinha bravamente encontrado seu destino.89 90Quanto Luís XVI subiu ao cadafalso, apareceu digno e renunciou a seus títulos. Proferiu um curto discurso em que reafirmou sua inocência: "Perdoo aqueles que são a causa de minha morte....".91 Declarou-se inocente dos crimes de que era acusado, rezando para que seu sangue jamais recaísse sobre a França.nota 2 Muitos relatos sugerem seu desejo em falar mais, mas Antoine Joseph Santerre, um general da Guarda Nacional, parou o discurso pedindo um rufar de tambores. O ex-rei foi então rapidamente decapitado.91 Alguns relatos de sua decapitação indicam que a lâmina não rompeu seu pescoço inteiramente na primeira vez. Há também relatos de um grito horrível vindo de Luís após a lâmina cair mas isso é improvável, visto que a lâmina cortou sua coluna. Ficou acordado que, enquanto seu sangue pingava no chão muitos membros da multidão correram para mergulhar seus lenços nele.92Este relato foi provado em 2012, depois de uma comparação de ADN ligando o sangue que acreditava-se ser da decapitação de Luís XVI do ADN retirado de amostras de tecidos originários do que acreditava-se ser a cabeça mumificada de Henrique IV de França. A amostra do sangue foi tirada a partir de uma cabaça esculpida para comemorar os heróis da Revolução Francesa, que tinha, segundo a lenda, sido utilizada para abrigar o sangue de Luís.93
Sucessão
Apenas duas semanas após o enterro das últimas vítimas dos massacres de Setembro, a Assembleia Legislativa criou um novo órgão de governo da França, conhecido como a Convenção Nacional. Seu primeiro ato, datado de 21 de setembro de 1792, foi a abolição formal da monarquia e a proclamação de uma república. Tendo abolido a monarquia, a Convenção foi abolida por sua lógica destrutiva em descartar o monarca ainda vivo.94 A Primeira República Francesa nasceu em 21 de setembro daquele ano. Durou, oficialmente, até 18 de maio de 1804, quando Napoleão Bonaparte proclamou-se imperador como Napoleão I. O Primeiro Império Francês veio ao fim quando o imperador abdicou em 6 de abril de 1814. Este foi sucedido pela restauração da monarquia dos Bourbons, até que esta foi derrubada pela revolução de julho de 1830. Durante a restauração da monarquia francesa, os irmãos mais novos de Luís XVI,Luís XVIII e Carlos X, governaram a França como reis constitucionais. Luís Carlos, filho legítimo do falecido monarca jamais assumiu o trono e morreu na prisão em junho de 1795 como Luís XVII, título de jure. Nos 23 anos desde a abolição da monarquia, a França tinha sido transformada social e politicamente pela administração revolucionária e napoleônica. A "restauração" dos Bourbons foi um compromisso e o produto da derrota militar. Luís XVIII foi colocado no poder por inimigos antigos da França porque sentia-se que demonstrava a maior mudança de "curar as feridas da revolução". Em 1814, esperava-se que, se os Bourbons foram restaurados "em condições", iriam se demonstrar aceitáveis à França e proporcionar a paz e estabilidade política que todos ansiavam. Em 1830, essas expectativas se mostraram falsas.95 96
Legado e representações
O historiador do século XIX Jules Michelet atribuiu a restauração da monarquia francesa à simpatia que tinha sido gerada pela execução de Luís XVI.Histoire de la Révolution Française de Michelet e Histoire des Girondins de Alphonse de Lamartine, em particular, mostraram as marcas dos sentimentos despertados pelo regicídio da revolução. Os dois escritores não partilham a mesma visão sociopolítica, mas concordaram que, embora a monarquia foi justamente abolida em 1792, a vida da família real deveria ter sido poupada. A falta de compaixão, naquele momento, contribuiu para uma radicalização da violência revolucionária e para uma divisão maior entre os franceses. Para o romancista do século XX Albert Camus a execução sinalizou o fim do papel de Deus na história, pela qual ele lamentou. Para o filósofo do século XX Jean-François Lyotard o regicídio foi o ponto de partida de todo o pensamento francês, a lembrança que age como um lembrete de que a modernidade francesa começou sob o signo de um crime.
Sua filha, Maria Teresa Carlota, a futura duquesa de Angoulême, sobreviveu à Revolução Francesa, e fez lobby energicamente em Roma para a canonização de seu pai como um santo da Igreja Católica.98 Apesar de sua assinatura da "Constituição Civil do Clero", Luís havia sido descrito como um mártir pelo papa Pio VI em 1793. Em 1820, no entanto, um memorando da Congregação dos Ritos, em Roma, declarou a impossibilidade de provar se o rei tinha sido executado por razões religiosas, em vez de políticas, pondo fim às esperanças de sua canonização.
Após sua morte recebeu diversas homenagens. O compositor italiano Luigi Cherubinicompôs o Réquiem em C menor, encomendado para uma missa em janeiro de 1816, feita em honra e memória do antigo rei de França. Quando a dinastia Bourbon na pessoa de seu irmão Luís XVIII retornou ao poder após a queda de Napoleão, transformaram o dia de sua execução em uma ocasião de estado, com uma missa festiva de réquiem no centro daBasílica de Saint-Denis. Todos os anos (até a próxima revolução de 1830) uma nova composição de réquiem era encomendada a um compositor diferente (sendo Cherubini o primeiro) para realçar a grandeza e importância desta ocasião.
Existem muitas cidades nomeadas após sua morte. Cidades norte-americanas adotaram o nome "Louisville" em sua memória, como Louisville, no Alabama, Louisville, Colorado,Louisville, Georgia, Louisville, Illinois, Louisville, Kansas, Louisville, Nebraska, Louisville, Nova Iorque, Louisville, Ohio, Louisville, Kentucky, e Louisville, Tennessee, todos localizados nos Estados Unidos.100 Louisville, no Kentucky, foi nomeada em 1780, após a Assembleia Geral da Virgínia conceder este nome em homenagem ao rei francês, cujos seus soldados estavam ajudando o lado americano na Guerra da Independência. A Assembleia Geral da Virginia viu o rei como um homem nobre, mas muitos outros delegados continentais discordaram (naquela época, Kentucky era uma parte da Comunidade da Virgínia. Kentucky tornou-se o 15º estado dos Estados Unidos em 1792)
Luís XVI foi retratado em vários filmes. Em Marie Antoinette (1938) de Van Dyke, foi interpretado por Robert Morley.102 103 Jean-François Balmer o retratou em 1989 na minissérie de duas partes La Révolution française.104 Mais recentemente, foi retratado porJason Schwartzman no filme Marie Antoinette (2006), de Sofia Coppola.105 Em Si Versailles m'était conté (1954) de Sacha Guitry, o rei foi retratado por um dos produtores do filme, Gilbert Bokanowski, usando o pseudônimo Gilbert Boka.106 Vários retratos têm lhe atribuído a imagem de um rei quase tolo e trapalhão, como Jacques Morel no filme francês Marie-Antoinette reine de France (1956) de Jean Delannoy, e Terence Budd no filme live-actionLady Oscar (1979), de Jacques Demy.107 108 Em Start the Revolution Without Me (1970), o rei é interpretado por Hugh Griffith como um corno risível.109 Mel Brooks interpretou uma versão em quadrinhos de Luís XVI em History of the World, Part I (1981), o retratando como um libertino que tem um desgosto pelo campesinato que ele usa como alvos no tiro ao alvo. No filme Ridicule (1996), de Patrice Leconte, Urbain Cancelier atua no papel do monarca francês.
Também tem sido objeto de romances, assim como, incluindo duas das histórias alternativascoligidas em If It Had Happened Otherwise (literalmente Se Tivesse Acontecido de outra Forma; 1931): "Se o Carro de Drouet Tivesse Emperrado" por Hilaire Belloc e "Se Luís XVI Tivesse um Átomo de Firmeza" de André Maurois, que contam histórias muito diferentes, mas ambas imaginam o rei sobrevivendo e ainda reinando no início do século XIX.
Napoleão
Este grande personagem da história nasceu na Córsega, no ano 1769. Ainda muito jovem, com somente dez anos de idade, seu pai o enviou para a França para estudar em uma escola militar. Apesar de todas os desafios que encontrou por lá, sempre sempre se manteve muito determinado. Seu empenho e determinação o fizeram tenente da artilharia do exército francês aos 19 anos.
A Revolução Francesa (de 1789 a 1799), foi a oportunidade perfeita para Bonaparte alcançar seu objetivo maior. Tornou-se general aos 27 anos, saindo-se vitorioso em várias batalhas na Itália e Áustria.Sua estratégia era fazer com que seus soldados se considerassem invencíveis. No ano de 1798 ele seguiu em embarcação para o Egito, com o propósito de tirar os britânicos do percurso às Índias.Ele foi muito bem quisto por seus soldados e por grande parte do povo francês. Seu poder foi absoluto após ter sido nomeado cônsul.
No ano de 1804, Napoleão finalmente tornou-se imperador. Com total poder nas mãos, ele formulou uma nova forma de governo e também novas leis.
Visando atingir e derrotar os ingleses, Bonaparte ordenou um Bloqueio Continental que tinha por objetivo proibir o comércio com a Grã-Bretanha. No ano de 1812, o general francês atacou à Rússia, porém, ao contrário de seus outros confrontos, este foi um completo fracasso. Após sair de Moscou, o povo alemão decidiu lutar para reconquistar sua liberdade.
Após ser derrotado, Napoleão foi obrigado a buscar exílio na ilha de Elba; contudo, fugiu desta região, em 1815, retornando à França com seu exército e iniciando seu governo de Cem Dias na França.Após ser derrotado novamente pelos ingleses na Batalha de Waterloo é enviado para o exílio na ilha de Santa Helena, local de seu falecimento em 5 de maio de 1821.Podemos dividir o governo de Napoleão em três períodos: Consulado, Império e Governo dos cem dias.
Consulado
Este período se caracterizou pela recuperação econômica e pela reorganização jurídica e administrativa na França.O governo do consulado era republicano e controlado por militares, onde três cônsules chefiavam o poder executivo (Napoleão, Roger Ducos e Sieyés), mas como Napoleão foi eleito primeiro-cônsul da república era ele quem realmente governava. Apesar do cunho democrático criado pela nova constituição, era ele quem comandava o exército, propunha novas leis, nomeava os membros da administração e controlava a política externa.
Durante o governo do consulado as oposições foram aniquiladas, a alta burguesia consolidou-se e os projetos de emancipação dos setores populares foram sufocados.
Com os resultados obtidos neste período Napoleão foi nomeado cônsul vitalício em 1802, devido ao apoio das elites francesas, que estavam entusiasmadas com os avanços.
Império
O Império foi implantado definitivamente após a mobilização da opinião pública. Em 1804 foi realizado um plebiscito, onde foi reestabelecido o regime monarquico e a indicação de Napoleão ao trono. Em 2 de Dezembro foi oficializado Napoleão I, na Catedral de Notre Dame.Napoleão liderou uma série de guerras, expandindo o domínio francês. Em algum tempo o exército francês se tornou o mais poderoso da Europa. Os ingleses preocupados com o poderio francês, formaram coligações internacionais contra o expansionismo francês.
Em 1805 a França tentou invadir a Inglaterra, mas foi derrotada. Decorrente deste fato o governo Napoleônico tentou enfraquecer a Inglaterra outras formas. Em 1806 decretou o Bloqueio Continental, o qual dizia que todos os países da Europa deveriam fechar seus portos ao comércio inglês. Mas este decreto não surtiu o efeito esperado, pois a França não consiguia abastecer todo o mercado da Europa.
A Rússia tinha aderido a esse decreto após um acordo com a França (Paz de Tilsit), mas como era um país essencialmente agrícola e estava enfrentando uma grave crise econômica viu-se obrigado a abandonar o Bloqueio Continental.
Em vingança a decisão do Czar Alexandre I, o governo napoleônico decidiu invadir a Rússia em 1812.
Os generais acostumados com grandes vitórias conduziam suas tropas pelo imenso território russo, enquanto as tropas czaristas recuavam colocando fogo nas plantações e em tudo que servisse aos invasores. Em Moscou as tropas russas começaram a enfrentar as tropas francesas que estavam mal-alimentadas e desgastadas, devido isso Napoleão não teve outra escolha a não ser em ir embora.
A desastrosa campanha militar na Rússia encorajou outros países europeus a reagirem contra a supremacia francesa. Em 6 de Abril de 1814 um exército formado por ingleses, austríacos, russos e prussianos tomaram Paris e capturaram Napoleão enviando-o para a Ilha de Elba. O trono francês foi entregue a Luís XVII. Governo dos Cem Dias.
Napoleão conseguiu fugir da Ilha de Elba e voltar a França em março de 1815. Ele foi recebido em Paris como herói e com gritos de “viva o imperador!”, ele se instalou no poder, obrigando a família real a fugir, mas a sua permanência no poder durou apenas cem dias.
A coligação militar da Europa se reorganizou e derrotaram definitivamente Napoleão na Batalha de Waterloo. Napoleão foi mandado para a Ilha de Santa Helena, onde ficou até sua morte.
Livros:
A Escola dos Annales (1929 - 1989) - A Revolução Francesa da Historiografia Autor: Burke, Peter Editora: Unesp
Pureza Fatal - Robespierre e a Revolução Francesa Autor: Scurr, Ruth / Schild, Marcelo Editora: Record
As Funções da Retórica Parlamentar na Revolução Francesa Autor: Gumbrecht, Hans Ulrich Editora: UFMG
A Revolução Francesa (1789-1799) Autor: Vovelle, Michel Editora: Unesp
Primórdios da Revolução Francesa Autor: Junior, Manoel Pio Corrêa Editora: Expressão Cultura
Exercícios
1. Podemos apontar como uma das principais causas da Revolução Francesa:
A - As guerras de conquistas promovidas e comandadas por Napoleão Bonaparte.
B - A grande influência da burguesia e dos trabalhadores urbanos no sistema político da França.
C - As fraudes eleitorais que existiam na França durante as eleições para monarca e ministros.
D - A revolta de grande parte da população francesa (burguesia, camponeses e trabalhadores urbanos) gerada pelas injustiças sociais promovidas pela monarquia absolutista.
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2. Sobre o contexto histórico da França pré-revolução, é verdadeiro afirmar que:
A - O clero e a nobreza possuíam muitos privilégios, entre eles a isenção tributária (não pagavam impostos).
B - A estrutura social da população francesa não era estratificada.
C - Havia igualdade de direitos, sendo que não havia camadas sociais privilegiadas.
D - Não havia pobreza, nem miséria, pois existia uma justa distribuição de renda.
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3. Um dos fatos históricos mais importantes da Revolução Francesa foi:
A - A decretação de leis que garantiam igualdade de direitos na França em 1789.
B - A união do clero e da burguesia em prol da derrubada da monarquia e implantação da República.
C - A Queda da Bastilha (principal prisão política da monarquia francesa) em 14 de julho de 1789.
D - O apoio de Napoleão Bonaparte ao governo do monarca Luís XVI.
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4. Durante o processo revolucionário quem eram os girondinos e o que defendiam?
A - Eram representantes da monarquia que queriam reestabelecer o regime monárquico na França.
B - Era um grupo político que representava a alta burguesia e queria evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política.
C - Eram representantes da baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo.
D - Eram integrantes do clero e defendiam maior participação da Igreja na política francesa.
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5. Qual era o lema dos revolucionários francesa, que resumia muito bem os anseios do Terceiro Estado?
A - "Liberdade, Paz e Justiça".
B - "Paz, Pão e Terra".
C - "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".
D - "Liberdade ainda que tardia".
Respostas das questões:
1. D | 2. A | 3. C | 4. B | 5. C
Video aulas:
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